Veja denuncia “Mensalinho” da CBF
O que o presidente da CBF, José Maria Marin, e seu vice, Marco Polo Del Nero, têm em comum com José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares? Todos fazem ou fizeram parte de um esquema para a compra de apoio político. No caso dos petistas, que foram condenados, o tal esquema ficou conhecido como Mensalão e consistia na compra de votos parlamentares. Já o esquema da CBF foi denunciado em reportagem da revista Veja, nesta semana, e já é denominada de Mensalinho.
Na prática, a estratégia de Marin e Del Nero é similar a utilizada pelos políticos do PT. Sem a mesma força política de seu antecessor Ricardo Teixeira, Marin tem se valido de “mesadas” e “mimos” a presidentes de federações para engrossar a bancada da situação nas eleições que acontecerão em abril de 2014.
Aos 81 anos, Marin não se vê em condições de continuar à frente da CBF. Por isso, pretende eleger Del Nero. Para tanto, terá de conquistar mais da metade dos 47 eleitores – 27 federações e 20 clubes do Brasileirão.
Para conseguir tal apoio, a dupla Marin/Del Nero aumentou consideravelmente a “mesada” destinada às federações. Com Teixeira, os valores chegaram ao máximo de R$ 30 mil mensais. Com a nova presidência, segundo a Veja, os valores aumentaram para R$ 50 mil, mas nos últimos três meses o repasse chegou à R$ 100 mil.
Mais “mimos”
A busca por influência, contudo, não para nos repasses mensais. Os presidentes de federações também têm sido agraciados com outros “mimos”. Todos foram convidados para acompanhar a Seleção Brasileira, nos Jogos Olímpicos de Londres, e também poderão viajar à paradisíaca Costa do Sauípe (BA) com direito a acompanhante. Tudo para acompanhar o sorteio dos grupos da Copa do Mundo.
No entanto, não são apenas as federações que têm se beneficiado a busca da dupla Marin/Del Nero por votos. Pensando nos votos dos clubes, a CBF já costura acordos políticos para tentar a anistia das dívidas dos clubes brasileiros com a União.
Quem fez o anteprojeto da anistia foi o deputado federal Vicente Cândido (PT-SP), que curiosamente também acumula os cargos de vice-presidente e diretor jurídico da Federação Paulista de Futebol (FPF), além de ser sócio de Del Nero em um escritório de advocacia. O anteprojeto do parlamentar prevê perdão de 90% das dívidas de INSS, FGTS e Imposto de Renda, ficando a ser pago apenas o saldo de 10% mais os juros e correção em 240 meses (20 anos).