RN já recolheu 19 toneladas de óleo e avalia destinar material para a indústria

Falta de diretriz federal faz o Estado buscar alternativas de descartar corretamente o petróleo

Desde que os primeiros vestígios de óleo começaram a aparecer no litoral nordestino, em agosto, mais de 19 toneladas do resíduo já foram recolhidas das praias potiguares. A quantidade representa menos de 1% do que foi extraído em todo o Nordeste. No total da região, segundo o Grupo de Acompanhamento e Avaliação (GAA), formado pela Marinha, Agência Nacional de Petróleo e Ibama, já são 4 mil toneladas da substância.

Segundo o Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte (Idema), todo o material recolhido no Estado está armazenado em uma garagem de Tibau do Sul e em uma estação de transbordo em Nísia Floresta. O óleo está guardado em reservatórios do tipo bombona e em big bags, que são contentores de alta resistência. O material está em áreas isoladas e livre da circulação de pessoas, o que diminui o potencial de poluição da substância.

O diretor-geral do Idema, Leon Aguiar, explica que o próximo passo será a destinação sustentável dos resíduos. Ele afirma há negociações em andamento para que o óleo seja encaminhado para as fábricas de cimento Apodi, no Ceará, e Mizu, em Baraúna, no Oeste Potiguar. É possível também que uma empresa que fabrica material para pavimentação asfáltica receba ao menos uma parte do óleo. O que está em discussão, no momento, é como acontecerá o transporte da substância.

A destinação do óleo para a iniciativa privada não vai prejudicar as investigações sobre o causou o derramamento de óleo, segundo Leon, porque o Ibama já reservou diversas amostras do material. “Não precisamos de todo o material. Já foram coletadas as amostras”, complementa o diretor-geral do Idema, que reclama da falta de orientações por parte do governo federal sobre a destinação. “Esse descarte já deveria ter sido dado, inclusive. Como não houve diretriz federal, os estados estão buscando alternativas”, explicou.

No mês passado, a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), que reúne empresas responsáveis por cerca de 80% da produção de cimento no País, manifestou interesse em receber o óleo e dar uma destinação sustentável aos resíduos. A entidade propõe utilizar o material empregando a técnica de coprocessamento, pela qual os impactos ambientais são atenuados.

Responsável pelo Núcleo Técnico de Coprocessamento da ABCP, Daniel Mattos explica ao Agora RN que a cimento Apodi, no Ceará, é uma das empresas que utilizam a técnica no Nordeste. A prática consiste no aproveitamento do óleo como uma das matérias-primas do cimento ou como combustível para acionar os fornos das fábricas.

“A técnica de coprocessamento existe há cerca de 30 anos. Estamos acostumados com a destinação de resíduos perigosos. Quando chegar à fábrica, esse material (óleo) vai ser caracterizado conforme suas propriedades físico-químicas. A partir disso, o fabricante vai definir se poderá ser usado como substituto de matéria-prima ou de combustível”, ressalta Mattos.

Segundo o representante da ABCP, o que vai definir se o óleo será usado como matéria-prima de cimento ou substituto do coque (derivado do petróleo usado hoje nas indústrias como combustível) será a quantidade de impurezas junto com o material. “Se estiver mais contaminado – ou seja, junto com areia, por exemplo –, o óleo tende a ser usado como matéria-prima. Quanto menos contaminado, ele é usado como combustível”, informa.

O representante da associação das empresas de cimento acrescenta que o coprocessamento garante a eliminação completa de qualquer resíduo do óleo que está sendo recolhido nas praias, sobretudo na queima, já que os fornos funcionam a uma temperatura que pode chegar aos 1.450 °C. “Assim, eliminamos o óleo completamente do meio ambiente”, afirma Daniel. E no caso do uso como matéria-prima, o cimento tem diversas aplicações.

Até mesmo a emissão de gases provenientes da queima passam por rigoroso controle, o que alivia os impactos na natureza. “Para realizarem o coprocessamento, as fábricas seguem uma série de normas técnicas. Há parâmetros para emissão de gases que precisam ser seguidos. O fabricante tem que garantir, independentemente de que substância use, que a emissão de gases não vai ultrapassar os limites impostos. Além disso, as fábricas têm sistemas de monitoramento contínuo, o que garante o controle 24 horas por dia, e filtros que reduzem a expedição dos gases diretamente na atmosfera”, complementa.

Agora RN

Últimos Eventos

21/09/2019
São Vicente/RN
03/03/19
Master Leite
06/05/18
Parque Dinissauros - Povoado Sto Antonio (Cobra)
Março 2017
Aero Clube

Mais eventos

Jornal Expresso RN

Baixar edições anteriores

Curta Jean Souza no Facebook

Siga Jean Souza no Instagram

Empresas filiadas

Banners Parceiros

Design por: John Carlos
Programação por: Caio Vidal
© 2021 Direitos Reservados - Jean Souza