Revolta do Busão

Mais um episódio nos mostra a força das redes sociais. Seja para o bem, seja para o mal.

A Revolta do Busão, manifestação organizada por estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte foi as ruas ontem. Estudantes encheram o peito, produziram faixas, fecharam as ruas. Conseguiram atrair todo e qualquer tipo de mídia. Objetivaram atenção. Na verdade, objetivamos atenção. Faço agora uso da primeira pessoa, porque sim, sou estudante. Dependo do transporte público que ronda essa Cidade do Sol. E quanto tempo se perde numa parada? Quanto tempo tem-se que perder a espera de um transporte que nos conduza ao destino objetivado? Quantas paradas estão sem teto, sem assentos, sem iluminação. Quantos ficam a mercê da sorte, da esperança de avistar o ônibus tão esperado, a mercê dos riscos.

Mesmo assim, ignoram todos os fatos. A tarifa já é um absurdo. Para alguns 0,20 centavos não fazem a menor diferença. Mas para mim e centenas de pessoas que aqui residem fazem. Por que de 0,20 e 0,20 chega-se a valores distintos e necessários para outros fins.

De antemão deixo claro que não sou a favor do vandalismo, de atos destrutivos e medíocres. Mas sim, sou a favor das manifestações, sou a favor da mobilização, do povo lutar pelos seus direitos. O combinado seria uma caminhada pacífica, mas não pode-se filtrar os vândalos, não pode-se filtrar as pessoas que acabam cometendo atos ilícitos por raiva ou frustração pensando que vai dar em algum resultado positivo. Não vai! Sempre acreditei que violência não leva a lugar algum que não seja a própria violência.

E mais uma vez, por influência de terceiros a polícia agiu. São ordenados para isso. Cumprem o que lhe cabem (se bem que muitas vezes abusam). Num oceano de jogos de interesses lançamos a força política (manipulada e participativa), os empresários das empresas e a polícia. Uma hierarquia ridícula movida pelo medo. Assustados com a voz do povo, com sua força, com as ameaças. Não julgo nenhum aqui, deixe o julgamento para os que gostam. Tentaram um acordo, não obtiveram êxito. Mais fácil então puxar suas armas de brinquedo e atirar, utilizar dos sprays pimentas, assustar, ferir. Esse é o modo mais inteligente que muitos tem de resolver as coisas. Sinto muito, mas não intimidou.

E a força ainda está pronta para ir de novo, gritar, pedir, reivindicar.
Ressalto ainda nesse espaço os pontos de vista que ouvi ontem. "Deviam ir para frente das prefeituras, das empresas para reivindicar."

"Nunca vi uma atitude assim mudar nada". "Bando de vândalos, pensam que assim vão resolver as coisas". "Vagabundos, isso que são, deixando de estudar para estar fechando as ruas, enquanto eu queria estar em casa."

A vocês, respostas: Poucas são as vitórias dos que vão as prefeituras, sindicatos e empresas, a polícia é acionada do mesmo jeito e com pouco tempo o movimento se desfaz. Se você não viu atitudes assim não mudar as coisas, pegue imediatamente um livro de história e leia algo sobre ditadura, campanhas para implantação de saúde, impeachment, movimentos indígenas, dos sem-terra…

Para auxiliar sua compreensão trago: Os movimentos sociais brasileiros ganharam mais importância a partir da década de 1960, quando surgiram os primeiros movimentos de luta contra a política vigente, ou seja, a população insatisfeita com as transformações ocorridas tanto no campo econômico e social. Mas, antes, na década de 1950, os movimentos nos espaços rural e urbano adquiriram visibilidade. Portanto, não venha me dizer que estes não surtem efeito. O primeiro efeito já causou, trouxe o medo. Medo da força que se estabelece nas ruas e são caladas com força excessiva. Quanto aos vândalos, eles estão por toda a parte, bom seria se pudéssemos peneira-los. Deixar de estudar? Movimentos sociais são a união de conhecimentos advindos de mentes distintas.

Aos que criticaram de forma absurda, faça um favor, vá até uma parada e espere um ônibus, tenha o azar dele estar lotado e você se atrasar 15,20 ou 30 minutos, honre uma parada mal iluminada e sem teto nos dias chuvosos com sua ilustre presença. Aí sim, depois disso você vem me falar algo sobre vagabundagem. Utilize seu senso crítico por um dia e deixe guardado seu carro, que deve ser o quinto que está na sua casa e devido a esse número desprenticioso chego atrasada no meu destino, porque venhamos e convenhamos o trânsito de Natal transforma-se num caos numa velocidade estonteante.

 

Postado por: Letícia Marina

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