O DESMANTELO CONTINUA: Com o Congresso parado, deputados gastaram R$ 1,5 mi em combustível
Quem passasse pelo Congresso Nacional nos meses de setembro de outubro teria muito mais chances de encontrar turistas do que deputados ou senadores. Enquanto a campanha eleitoral se acirrava, os plenários da Câmara e do Senado ficaram vazios. Os parlamentares só pensavam em votos. Mas parte da engrenagem não parou. Pelo menos a que garante benefícios aos deputados. Somente nos dois últimos meses da campanha, os integrantes da Câmara gastaram mais de 1,5 milhão de reais em combustível da cota parlamentar, a antiga verba indenizatória. Em setembro, foram 791.656 reais em gasolina, álcool e diesel. No mês seguinte, 768.411 reais. Em tese, o dinheiro deve ser usado apenas em exercício do mandato. Mas, para prestar contas, basta ao deputado entregar uma nota fiscal do posto de combustível. Não há como provar que os recursos foram empregados conforme a regra.
Dezenas de parlamentares usaram em outubro toda a cota a que tinham direito: 4.500 reais. Levando em conta o preço médio do combustível, um carro que percorra 10 quilômetros por lito rodaria 14.000 quilômetros com esse valor. Em um mês com 22 dias úteis, isso significa um trajeto de 640 quilômetros por dia. É como se o carro rodasse 8 horas diárias a uma média de 80 quilômetros por hora, sem interrupção. Nem uma trupe de circo passa tanto tempo na estrada.
A lista dos deputados que usaram a cota até o limite é suprapartidária. Dela fazem parte o próprio presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), tucanos, petista e integrantes de outras legendas, como PT, PP, PB, PSD, SD, PTB, PROS e DEM.