Na contramão das outras regiões do país, Nordeste tem crescimento 4%
O Nordeste, região em que a presidente Dilma Rousseff teve a maior queda nas intenções de voto no último Datafolha, vive neste ano situação inversa à do resto do país em termos econômicos. A atividade econômica cresceu acima de 4% nos cinco primeiros meses do ano, resultado superior à média nacional (0,6%), segundo o Banco Central.
A região apresenta, por outro lado, os piores dados em relação ao emprego. Quando se considera apenas os dados sobre emprego formal, o Nordeste é a única região na qual houve redução no número de vagas no primeiro semestre, segundo o Ministério do Trabalho.
A piora no mercado de trabalho reflete, principalmente, a crise na construção civil, grande empregadora na região. O Nordeste passa por uma transição entre um período de muitas vagas com salários menores na construção para outro com menos empregos, com rendimentos maiores, na indústria.
A entrada em operação dessas empresas é um dos motivos pelos quais a indústria cresceu 1,6% na região até maio. Ao mesmo tempo, o setor caiu 1,6% na média nacional. O fim de uma série de obras também afeta as construtoras do setor imobiliário. De acordo com o sindicato das empresas de construção da Bahia, muitos trabalhadores foram dispensados no interior com a conclusão de obras do programa federal Minha Casa Minha Vida fases 1 e 2. Novos empreendimentos só vão aparecer quando for lançada a fase 3, prevista para 2015.
Apesar da piora no emprego, a renda média cresce acima do verificado no restante do país, segundo o IBGE. Além do aumento nas vagas com remuneração maior, o Nordeste concentra grande parte dos recursos destinados a programas sociais. Esse fator tem contribuído para sustentar o consumo na região, além do impacto da indexação do salário mínimo. As vendas do comércio na região crescem acima da média nacional.
O cenário contribui para a boa avaliação do governo na região. Dilma lidera as intenções de voto no Nordeste, embora tenha caído de 55% para 49% da preferência no último Datafolha. Eduardo Campos (PSB) tem 12%. Aécio Neves (PSDB), 10%.