Economia e empregos sofrem no RN

O último dia do mês de março (31) foi de desolação para o servente de pedreiro Moisés Olegário dos Santos, 42 anos. Após dois anos e sete meses de trabalho em uma construtora da cidade, aquele seria o seu último dia. Não porque a obra estivesse concluída: a empresa paralisara a construção do edifício há dois meses – igual período em que deixou de pagar aos trabalhadores envolvidos. De 20 pedreiros que iniciaram a obra, só restavam cinco, que batem ponto todos os dias na esperança de que algo aconteça.

Morador de Nova Natal, Moisés não sabe ler nem escrever. Começou a trabalhar na construção civil há três anos, mas vivia por meio de bicos, seguindo o passo do pai e dos irmãos. É com o salário de R$ 745 que sustenta os três filhos e a esposa. “Agora eu vou para casa desesperado. Esse sábado é aluguel, sofá e estante para pagar. No começo a empresa nunca atrasou, mas agora já são quase dois meses”, desabafou o servente de pedreiro. A empresa, devendo mais de R$ 3 mil em vencimentos e rescisão, prometia pagar por meio de acordo judicial, o que não tinha data para acontecer. Mesmo com a demissão, Moisés já tinha planos para se virar por meio dos “bicos”. “Mas amanhã só levando de 8h”, brincou o pedreiro, acostumado a acordar às 4h45 da manhã.

A mesma construtora, oriunda de Recife (PE), paralisou três grandes obras em corredores conhecidos da cidade. Entretanto, a crise não é pontual. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados mostra que a Construção Civil foi o setor que mais demitiu no período entre fevereiro de 2014 e fevereiro de 2015. O número de cortes nos postos de trabalho chegou 4,8 mil, o pior desempenho do setor nos últimos cinco anos. Desde 2011, a construção mantinha-se com o saldo positivo na geração de empregos.

O pedreiro José Milton Rocha, de 47 anos, também enfrentou um começo de ano difícil após a demissão de uma construtora. Assim como Moisés Olegário, o pedreiro saiu, há seis meses, sem receber pagamento. O processo está judicializado. Para sustentar a situação em casa, onde mora com a esposa, empregada doméstica, e dois filhos, foi preciso cortar gastos. Na porta da casa de Milton já se vê a placa de “vende-se”. Foi preciso esquecer a reforma que a casa precisava. A filha mais velha, de 18 anos, precisou também interromper o curso de publicidade que fazia em uma faculdade particular da cidade.

“Não tinha como manter. Algumas coisas que a gente queria fazer, como aumentar a casa, a gente teve que deixar. Mas se Deus quiser o pão não há de faltar”, salientou José Milton, morador do loteamento Santa Inês, na Zona Norte de Natal. A maior ironia é que, enquanto Milton colocou a casa para vender, vive a menos de 500 metros do condomínio que ajudou a construir.

O corte de empregos é causado pelo cenário de recessão econômica, segundo economistas. Para o Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon), a diminuição no número de lançamentos das empresas, bem como a saída de construtoras que investiram na cidade nos booms imobiliários de 2007 e 2009. “Essa diminuição também é causada pela saída das construtoras que vieram para Natal há alguns anos. Entre as construtoras vinculadas ao SINDUSCON, não observamos grandes reduções”, afirmou Arnaldo Gaspar, presidente do sindicato.

A dificuldade, porém, não é apenas o corte de empregos, mas a dificuldade de realocação no mercado – no começo de 2015, o único setor que não teve saldo negativo na geração de postos no RN foi o setor de serviços. Segundo o Ministério do Trabalho, entre 2013 e 2014 houve um aumento de 3,71% nos pedidos de seguro desemprego para o setor.

Com informações da Tribuna do Norte.


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