“Corrupção nos presídios é o carro-chefe das fugas no Rio Grande do Norte”, diz conselheiro
Após o secretário estadual de Justiça e Cidadania, Wallber Virgolino, ter admitido em entrevista ao Portal Agora RN que a corrupção pode ser um dos fatores que está contribuindo para o alto número de fugas registradas nas penitenciárias do Rio Grande do Norte, o membro do Conselho Nacional de Segurança Pública (Conasp), Cleber Costa, lembrou que o problema já havia sido identificado meses antes no RN.
Para Cleber, “existem inúmeros fatores que estão resultando no alto número de fugas, entretanto, a corrupção das pessoas que são responsáveis por, teoricamente, manter a ordem nos presídios tem contribuído bastante para o aumento das estatísticas”. O conselheiro disse ainda que já foram identificados vários indícios de corrupção nas penitenciárias, como por exemplo áudios de presos negociando fugas com servidores públicos.
Todavia, muito embora esse esteja sendo o ponto principal na avaliação do conselheiro, ele acredita ainda que outros problemas como a falta de reciclagem dos agentes penitenciários, além do baixo número do efetivo, corroboram para a disseminação do estado de calamidade instaurado no sistema prisional potiguar. “Falta capacitar os agentes. Claro que a situação está do jeito atual porque existe um conjunto de fatores, só falta ação do Governo para combatê-los”, concluiu.
Com as 25 fugas registradas entre a madrugada de domingo (18) e a manhã de segunda-feira (19), subiu para 373 a quantidade de presos que conseguiram escapar das penitenciárias potiguares somente em 2016. O número é 43% maior do que o registrado em 2015, quando 212 detentos obtiveram êxito nas suas tentativas de fugas.
O Portal Agora RN tentou repercutir os números com o secretário Wallber, mas o mesmo não quis comentar, uma vez que só assumiu a pasta neste ano e não poderia se responsabilizar pelos números passados. Entretanto, fez questão de frisar que, desde que assumiu, o estado passou três meses sem registrar qualquer tipo de fuga em suas penitenciárias, feito considerado um trunfo diante do cenário de calamidade que está decretado.
“Eu só posso falar a partir do momento em que assumi. O RN passou três meses sem registrar nenhuma fuga. Agora tivemos essa, que apesar de ter chegado a 19 o número contabilizado (na fuga do PEP, madrugada de domingo, 18), não foi nada cinematográfico. Vamos apurar o que está acontecendo e tomar medidas cabíveis”, avisou o secretário na segunda-feira.