Capacidade do Ministro da Fazenda de evitar o pior se esgotou

Ninguém diz em público, talvez para evitar que os receios virem pânico. Mas dissipou-se a presunção de que a presença de Joaquim Levy na Esplanada restauraria a confiança na economia brasileira, estilhaçada sob Dilma Rousseff graças à combinação de três flagelos: gastos públicos desmedidos, negligência com o controle da inflação e malabarismos contábeis. A capacidade do ministro da Fazenda de evitar o desastre se esgotou.

Ironicamente, um dos feitos de Levy nos seus oito meses à frente da Fazenda —a desmontagem da usina de fantasias— tornou mais visível o malogro dos planos do ministro. Sem força política para ressuscitar a CPMF e rendido ao realismo fiscal, o governo envia nesta segunda-feira ao Congresso o projeto de lei do Orçamento para 2016 com um déficit. O buraco nas contas é uma evidência material do insucesso dos planos de Levy.

Ao chegar, vindo da diretoria do Bradesco, Levy fixara uma meta de superávit fiscal. O governo pouparia 1,13% do PIB para amortizar os juros de sua dívida. A estagnação da economia levou à queda na arrecadação de impostos, que forçou a revisão da meta de Levy para algo próximo de zero: 0,15% do PIB. Hoje, o governo já trabalha com a perspectiva de não conseguir entregar nem esse resultado mixuruca. Estima-se que 2015, a exemplo de 2014, fechará no vermelho. Verifica-se agora que também 2016 pode fechar com déficit.

A primeira consequência prática da sucessão de buracos é a elevação da dívida bruta do governo como proporção do PIB. Esse indicador mede a capacidade de solvência do país. O segundo desdobramento é a elevação do risco de o Brasil ser rebaixado para o grupo de caloteiros na avaliação das agências de classificação de risco. Se perder o status de “grau de investimento”, o Brasil afugentará investidores. E as empresas brasileiras perderão o acesso ao crédito barato nos mercados internacionais —riscos maiores, juros mais salgados.

Dá-se de barato no governo que a agência americana Standard & Poor’s, que recentemente reduziu a avaliação do Brasil para negativa, deve rebaixar a nota do país em 2016. Outras duas agências que conferem ao país o ‘grau de investimento’, a Moody’s e a Fitch, submetem a nota a um processo de reavaliação.

Nos debates internos, autoridades do governo reconhecem que, para evitar o pior, seria necessário aprovar ainda em 2015 um ambicioso pacote de reformas. Coisas antipáticas. Por exemplo: o endurecimento das regras para a concessão de aposentadorias do INSS. O diabo é que Dilma não exibe musculatura política para se impor no Congresso. A boa vontade dos congressistas diminui na proporção direta do avanço da taxa de impopularidade da presidente e das investigações da Lava Jato.

Simultanemente, Levy sugere uma revisão de todos os programas do governo, inclusive os sociais. Coisa destinada a racionalizar os gastos, eliminando sobreposições e preparando o terreno para cortes draconianos nas despesas federais. A questão é que Dilma só parece disposta a levar a austeridade fiscal até certo ponto. O ponto de interrogação. Uma dúvida puxa a outra: Qual é o prazo de validade de Joaquim Levy?

Josias de Souza

Últimos Eventos

21/09/2019
São Vicente/RN
03/03/19
Master Leite
06/05/18
Parque Dinissauros - Povoado Sto Antonio (Cobra)
Março 2017
Aero Clube

Mais eventos

Jornal Expresso RN

Baixar edições anteriores

Curta Jean Souza no Facebook

Siga Jean Souza no Instagram

Empresas filiadas

Banners Parceiros

Design por: John Carlos
Programação por: Caio Vidal
© 2021 Direitos Reservados - Jean Souza