Aumenta a distância entre o real e as moedas de países emergentes

Foto: Fernando Frazão

Foto: Fernando Frazão

O real deixou de acompanhar as moedas emergentes e acelerou suas perdas em relação ao dólar desde que o governo praticamente zerou a meta fiscal, em 22 de julho.

A distância entre a cotação da moeda brasileira e a de uma cesta de divisas emergentes (como as de China, África do Sul e Rússia) está no maior patamar desde o início do ano, o que mostra que não são apenas as turbulências externas que afetam o real, mas também a recessão e as dificuldades do governo para cumprir o superavit.

O recorde anterior era de março, quando parte das dificuldades atuais já era conhecida.

As dificuldades do câmbio pioraram na semana passada também porque a agência de classificação de risco S&P ameaçou rebaixar a nota brasileira, o que tiraria do país o chamado grau de investimento, espécie de selo de bom pagador da dívida pública.

A expectativa de votação das chamadas pautas-bombas pelo Congresso, que podem elevar o gasto público e aprofundar a crise, também acentuou o pessimismo, levando o dólar a subir nesta quarta (5) pelo quinto dia seguido até bater em R$ 3,50.

Desde a mudança na meta fiscal (de 1,1% do PIB para 0,15%), o dólar passou de R$ 3,2269 para R$ 3,4854 no câmbio à vista, referência do mercado financeiro.

O real perdeu 24,2% de seu valor em relação ao dólar neste ano. A maioria das moedas dos grandes países emergentes se desvalorizou menos de 10%, com exceção do peso colombiano (19,5%), da lira turca (16,8%) e do rublo (12,5%).

A cesta de moedas emergentes compreende divisas de dez países, sendo que só a Rússia não tem o grau de investimento. Essas moedas seguem basicamente a variação dos preços de commodities, além da perspectiva de alta dos juros nos EUA, prevista para a partir de setembro.

“Estamos nos distanciando do grupo de países emergentes com uma situação mais estável, conforme o quadro econômico vai se deteriorando e a crise política não parece arrefecer”, disse Newton Rosa, economista-chefe da SulAmérica Investimentos.

“Estamos no lado ruim dos emergentes, mais próximos de Turquia e Rússia e cada vez mais distantes dos países que têm perspectiva melhores de crescimento.”

Para Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, a taxa de câmbio brasileira passou a espelhar mais os negócios com CDS (“credit default swap”, em inglês), um “seguro” para cobrir eventuais calotes e que mede o risco do país.

O CDS brasileiro de cinco anos, que começou o ano em 200 pontos, atingiu nesta quarta 307. Há duas semanas, estava em 275 pontos. Isso significa que quem compra proteção para um título do Brasil de US$ 10 milhões paga US$ 300 mil por ano ao vendedor do CDS. Em julho de 2014, pagava US$ 140 mil.

“Nós estamos mais para submergentes que para emergentes. Nossos títulos já são negociados como “junk” [alto risco]. Mesmo a desvalorização cambial não consegue impulsionar a competitividade do país, com exceção da exportação de matérias-primas, como papel e celulose, que têm os custos todos em real”, disse Vieira.

Folha Press

Últimos Eventos

21/09/2019
São Vicente/RN
03/03/19
Master Leite
06/05/18
Parque Dinissauros - Povoado Sto Antonio (Cobra)
Março 2017
Aero Clube

Mais eventos

Jornal Expresso RN

Baixar edições anteriores

Curta Jean Souza no Facebook

Siga Jean Souza no Instagram

Empresas filiadas

Banners Parceiros

Design por: John Carlos
Programação por: Caio Vidal
© 2021 Direitos Reservados - Jean Souza