Dor e comoção marcam velório da jovem Karolyne

Passadas 24 horas do assassinato da jovem Maria Karolyne Álvares de Melo, praticado por dois criminosos, muitas pessoas ainda formavam fila para prestar a última homenagem à universitária de 19 anos. O velório teve início à meia-noite de ontem (21) e encerrou-se, pontualmente, às 16h. Parentes, amigas, amigos, pessoas que não conheciam Karol compareceram ao centro velatório  localizado no Conjunto Santa Catarina, Zona Norte da capital.

Ao lado do pai de Karolyne, socorristas e motoristas do SAMU, que trabalham com ele, o ajudaram a conduzir a urna funerária até o jazigo onde o corpo foi sepultado.

Ao lado do pai de Karolyne, socorristas e motoristas do SAMU, que trabalham com ele, o ajudaram a conduzir a urna funerária até o jazigo onde o corpo foi sepultado.

Minutos antes das portas da Capela 3 se fecharem, os últimos discursos eram proferidos em memória da estudante de Turismo. Enquanto isso, o carro fúnebre se aproximava lentamente. No local, vários socorristas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, o Samu-RN, foram prestar solidariedade ao companheiro de trabalho João Maria F. De Melo que era pai de Karol. Os profissionais, que lidam diariamente com o socorro a pessoas que necessitam, com o objetivo de salvá-las, fizeram questão de expressar a dor em uma faixa: “Mãos que salvam são hoje corações que choram”.

O sol insistia em não aparecer em meio a nuvens cinzentas que pareciam compartilhar o luto  da família e amigos de Karolyne. No local, os comentários eram uníssonos: “Foi-se o tempo em que a gente podia conversar tranquilamente na calçada de casa”, afirmou um transeunte que parou para acompanhar o velório. Chega de violência, dizia a camisa preta, com uma mão vermelha sinalizando “basta”, usada por uma moça que chorava copiosamente ao sair do velório.

“A Justiça tem que ser feita, fico aliviada por saber que eles estão presos, mas infelizmente a gente sei que logo estarão nas ruas de novo, matando e causando dor e sofrimento para outras famílias. A Karol era uma menina linda por dentro e por fora, doce, estudiosa, boa filha, quem vai trazê-la de volta pra nós? Ninguém”, disse dona Francisca, tia de Karolyne, entre muitas lágrimas, e  apelando ao poder público providências. “Até quando vamos enterrar inocentes em nome dessa insegurança? Estamos presos em casa e os bandidos nas ruas”, lamentou.

Quatro da tarde. Um corredor feito por quem se dedica, diuturnamente, a salvar vidas, foi formado para a passagem do cortejo. Lentamente, a urna funerária foi carregada sob aplausos. Na frente do caixão, as mãos do pai de Karol se dividiam entre carregá-lo pesarosamente e enxugar as lágrimas que desciam. O percurso durou, pelo menos, 30 minutos até o local do sepultamento.

O destino era o cemitério Parque da Passagem, em Extremoz. O mapa indica a Rua da Paz como o local do necrópole. Ironicamente, o logradouro traduz o clamor dos potiguares: Paz. Pouco antes do cortejo chegar, poucas pessoas já se encontravam no jazigo de Maria Karolyne. Uma amiga da vítima, que não quis se identificar, também falou à TN. “Éramos muito amigas, estou arrasada, inconformada com tanta brutalidade. Ela e a irmã não reagiram, por que fizeram isso com a Karol? É muita tristeza e revolta”, lamentou a estudante universitária.

As primeiras sirenes, ecoadas por motos e ambulâncias do Samu, indicavam a aproximação. Logo em seguida, o carro fúnebre adentra o cemitério, seguido por vários carros. Era o momento do último adeus. O caixão é novamente carregado por socorristas até o jazigo, onde pais, irmã e demais parentes deram o último adeus. “Nós merecemos respeito, dignidade e segurança”, exclamou uma mulher que estava junto dos pais que se despediam da filha. Mais aplausos. Logo após, um socorrista transmitiu a todos uma passagem bíblica como forma de consolar os corações daqueles que sentem a incomensurável perda.

Novamente, o caixão é carregado. Desta vez, para a sepultura. A primeira pá começa a jogar a terra por cima do caixão. A ficha começa a cair. A dor, antes silenciosa, se manifestou novamente em forma de pranto. A cada porção de terra jogada, cobria-se um futuro cheio de sonhos, de conquistas, de alegria, que pulsava em alguém que ainda tinha uma longa jornada a caminhar neste plano físico e que foi interrompida por um frio projétil que atingiu-lhe o peito.

Tribuna do Norte

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