Estudo mostra que 60% dos professores no Brasil são obrigados a trabalhar em mais de uma escola

As mulheres são a esmagadora maioria dos professores, mais especificamente 71% deles.

As mulheres são a esmagadora maioria dos professores, mais especificamente 71% deles (Foto: Veja).

Menos da metade dos professores de ensino fundamental no Brasil pode se dar ao luxo de trabalhar num único colégio. O dado, revelado pela Pesquisa Internacional de Ensino e Aprendizado da OCDE, o clube dos países mais desenvolvidos, joga luz sobre um problema que, de acordo com especialistas, afeta diretamente a qualidade da educação. Segundo o levantamento realizado, com a colaboração de cem mil professores em 34 países, apenas 40% dos docentes brasileiros que atuam nos primeiros anos do ensino têm dedicação exclusiva, contra 82% na média das nações pesquisadas.

De acordo com a gerente da área técnica do movimento Todos Pela Educação, Alejandra Meraz Velasco, por trás dessa realidade estão os salários insuficientes e o baixo número de professores em determinadas áreas. Além da rotina pesada, os professores também podem se deparar com escolas inseridas em contextos de violência, como comunidades marcadas pelo tráfico de drogas. E, muitas vezes esse peso recai diretamente sobre o professor. “Em alguns casos, os alunos liberam toda a sua agressividade na escola. Os colégios cada vez mais têm que estar preparados para agir como agentes transformadores. Mas, para isso, é preciso apoio de psicólogos e assistentes sociais, já que determinados aspectos fogem ao nosso alcance”, comentou uma profissional dessa área.

Dos 34 países, somente em Brasil, Malásia e México mais de 10% dos diretores relataram que experimentam episódios de vandalismo ou roubo em uma base semanal. Para a organização, “não surpreende que, tanto no Brasil quanto em outras nações, gestores escolares tenham relatado níveis mais elevados de inadimplência em suas escolas, além de níveis mais baixos de satisfação no trabalho”. O Brasil também aparece ao lado do México, da Suécia e da Bélgica no quesito respeito ao professor: quase um terço deles trabalha em escolas onde houve relatos de intimidação ou abuso verbal por parte dos alunos.

Mulheres são esmagadora maioria
O estudo também comprova uma realidade que qualquer um que já entrou numa escola de ensino fundamental percebeu: as mulheres são a esmagadora maioria dos professores, mais especificamente 71% deles (na média de todos os países pesquisados, são 68%). Embora 96% dos docentes por aqui tenham diploma de graduação, somente 76% completaram cursos de licenciatura. Também na direção das escolas, só 25% são homens, contra 51% na média da OCDE. 96% das gestoras completaram graduação com licenciatura, e 88% fizeram algum tipo de treinamento para assumir o posto administrativo. No entanto, se os diretores nos 34 países da pesquisa somam tempo médio de experiência profissional de 30 anos, por aqui o número cai para 21.

O Globo

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