IMT monitora nova variante no Rio Grande do Norte
O Instituto de Medicina Tropical (IMT), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, monitora e sequencia amostras para buscar identificar uma provável presença da variante Ômicron no Rio Grande do Norte. Segundo a diretora e pesquisadora do IMT, Selma Jerônimo, não há informações sobre a presença da nova cepa no Estado e nem há como prever quando ela chegará por aqui.
No entanto, afirma a pesquisadora, especialmente se a mutação for detectada no País, “provavelmente” a variante será registrada no RN. Atualmente, o Estado de São Paulo sequencia amostras de um homem infectado pela covid-19 que chegou da África do Sul, país onde originalmente a variante Ômicron foi descoberta.
De acordo com Selma Jerônimo, o IMT realiza semanalmente o sequenciamento de amostras de casos de covid-19, entretanto, o monitoramento é feito com base em aspectos como carga viral e sintomatologia. A especialista explica que ainda não se sabe como as simulações irão ocorrer, no sentido de que os sequenciamentos sejam mais direcionados à detecção da nova cepa.
“Atualmente a gente monitoriza algumas amostras por semana, para, em um acaso, ter uma chance [de descobrir a nova cepa]. Podem haver alguns pontos-chave para a entrada da variante por aqui, mas são simulações que a gente não sabe como vão acontecer”, comenta.
Segundo a especialista, se o caso investigado em São Paulo for confirmado, pode-se ter um cenário mais claro no País nesse sentido. “Se o sequenciamento mostrar que há a variante lá [em São Paulo], seguramente o restante do país vai apresentar essa cepa. Há uma chance de que que a gente encontre essa variante, se ela estiver circulando por aqui. Mas não temos esse dado ainda”, esclarece.
Selma Jerônimo usou um cenário hipotético para chamar a atenção sobre a possibilidade de a nova cepa chegar ao Estado e acrescentou que o importante é a forma como se conduz a pandemia diante dos mais diferentes cenários.
“Podemos ter, por exemplo, uma pessoa de Mossoró que vai trabalhar em Botsuana, na Namíbia ou na África do Sul [países onde a presença da mutação já é confirmada]. Aí, ela passa por São Paulo e chega aqui. Especialmente se São Paulo confirmar a variante, as chances de que a pessoa traga a mutação para cá, aumentam”, detalha a pesquisadora.
Segundo ela, o surgimento de novas cepas é esperado, mas o isolamento social, principalmente em casos de suspeita da doença, é essencial para evitar a disseminação da covid-19 e de suas mutações.
“Se a pessoa está vindo de um local onde há essa variante, é preciso que fique quatro ou cinco dias em casa. Após isso, é importante testar. Se o teste for negativo, aí a pessoa volta a uma vida ‘normal’, sem esquecer o uso de máscara e do distanciamento,” esclarece Selma Jerônimo.
A pesquisadora avalia que, em razão da descoberta recente da nova cepa, provavelmente ela não tenha chegado ainda ao Rio Grande do Norte, mas disse que é preciso ficar atento. “Temos que seguir com a monitorização e ficar alerta principalmente quando as pessoas tiverem histórico de viagem, seja internacional ou nacional. E distanciamento e máscara são fundamentais”, pontua
Perguntas
A diretora do Instituto de Medicina Tropical (IMT), Selma Jerônimo destaca que o conhecimento sobre a variante Ômicron é recente e, portanto, limitado. “Aparentemente, na África do Sul, a nova forma da doença não é mais grave que as anteriores. Mas essa é uma peculiaridade de lá. Nós precisamos saber como será aqui”, avalia a pesquisadora. “A pegunta sobre a eficácia das vacinas é muito importante, mas é um questionamento para o qual não se tem resposta. Para isso, é preciso uma análise de dados do que teremos daqui para a frente”, completa.
Tribuna do Norte