Jovens não se protegem e casos de DSTs disparam em todo o País

Apesar das informações sobre as DSTs (doenças sexualmente transmissíveis) circularem livremente, especialmente hoje em dia por causa das redes sociais, o jovem brasileiro não se preocupa em se prevenir. Seja por não ter tido contato com alguém doente ou por acreditar que “isso nunca vai acontecer” com ele. Só de HIV, uma das mais graves DSTs, houve aumento principalmente entre os mais jovens. Na faixa etária dos 20 aos 24 anos, a taxa de detecção subiu de 16,2 casos por 100 mil habitantes, em 2005, para 33,1 casos em 2015, informou o Ministério da Saúde.

Outra DST que preocupa as autoridades é a sífilis, devido ao disparo no número de casos. A doença pode provocar sequelas graves para a vida toda. Segundo o ginecologista e obstetra e membro da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), Geraldo Duarte, o motivo do aumento da transmissão das DSTs se deve à falta conscientização.

— O maior aumento acontece entre jovens que não têm medo. Já entre os mais velhos, o aumento se explica porque o preservativo incomoda e eles não usam. Eles não foram educados para usá-lo.

O infectologista e supervisor médico do ambulatório do Hospital Emílio Ribas, Francisco Ivanildo de Oliveira Júnior, afirma que o fator determinando para o aumento da transmissão das DSTs é a negligência com o uso da camisinha, atribuído à diminuição da preocupação ou do descuido da população.

— Como a evolução no tratamento do HIV, por exemplo, a Aids deixou de ser sentença de morte. Apesar de não se conseguir a cura, os remédios fazem com o que a doença se torne crônica, administrável. O indivíduo consegue conviver com o vírus, e isso certamente elevou a diminuição dos hábitos que vinham sendo criados principalmente na década de 1990.

No caso da Aids, a infecção cresce entre os homens em todas as faixas etárias, de acordo com o Ministério da Saúde. De 827 mil infectados no Brasil, 112 mil pessoas não sabem que têm o vírus. Segundo o infectologista, dentro dessa população jovem e masculina, a prevalência de HIV é especialmente maior em grupos específicos, como transexuais, gays, homens que fazem sexo com homens e presidiários.

A incidência de outras doenças sexualmente transmissíveis também aumentou, já que o fator em comum entre elas continua o mesmo: a falta de camisinha nas relações sexuais. Porém, de acordo com Júnior, o número de infectados com sífilis, HIV e outras DSTs, como hepatites B e C, gonorreia e clamídia não são notificadas.

— No mundo inteiro, a tendência é de aumento das doenças sexualmente transmissíveis porque as pessoas não estão usando preservativo. Pesquisas tentam investigar o porquê disso. Já se sabe que a utilização [da camisinha] nas relações sexuais é menos de 40%. E nem sempre conseguimos medir os dados que são, muitas vezes, baseados na percepção dos próprios médicos. Desde 2010, percebe-se isso em relação à sífilis. Os dados de notificação mostram o aumento não só de sífilis adquirida (por transmissão sexual) em adultos, mas também da congênita, transmitida da mãe para o bebê, que pode ocorrer durante toda a gestação.

Dados do Ministério da Saúde apontam que entre os anos de 2014 e 2015, a sífilis adquirida teve um aumento de 32,7%, a sífilis em gestantes 20,9% e congênita, de 19%. Em 2015, o número total de casos notificados de sífilis adquirida no Brasil foi de 65.878. No mesmo período, a taxa de detecção foi de 42,7 casos por 100 mil habitantes e a maioria são em homens, 136.835 (60,1%). No período de 2010 a junho de 2016, foi registrado um total de 227.663 casos de sífilis adquirida.

Se diagnosticada com antecedência, é possível prevenir a transmissão da sífilis para o bebê, conforme explicou o especialista. Porém, em alguns casos, a doença só é diagnosticada depois que a criança nasce. Isso pode acontecer se a mãe não fizer o pré-natal ou se o acompanhamento não seguir as recomendações médicas.

— Uma ideia ainda muito disseminada entre os mais pobres é de que só precisa começar a fazer o pré-natal depois que a barriga cresce. Então, às vezes, se começa [o pré-natal] no 2º ou 3º trimestres da gestação. O correto é iniciar o acompanhamento assim que se descobre a gravidez e o obstetra deve fazer a sorologia (exame) para sífilis. Se diagnosticada a doença, deve-se começar o tratamento e pedir outro exame pouco antes do parto.

Duarte reitera que o problema maior da sífilis não é a doença em si, mas suas consequências. De dez bebês nascidos de mulheres infectadas que não se tratam, quatro morrem no final da gravidez, outros quatro desenvolvem sífilis congênita e somente duas nascem saudáveis.

— A gravidade dos sintomas da sífilis congênita depende do grau de acometimento da criança, que pode ter problemas ósseos e consequente dificuldade para andar a vida ou até atingir o sistema nervoso, comprometendo todo o desenvolvimento.

O ginecologista também ressalta que a sífilis é uma doença silenciosa.

— Depois de um ano, desaparecem os sintomas, mas ela fica dentro do organismo. E pode voltar em anos em forma de diversas lesões, como comprometimento da aorta (artéria do coração), lesões cerebrais graves, rompimento da medula (a pessoa fica paralítica), demência, entre outras complicações irreversíveis. Há casos de pessoas que apresentam esses sintomas até 30 anos depois do contágio.


Últimos Eventos

21/09/2019
São Vicente/RN
03/03/19
Master Leite
06/05/18
Parque Dinissauros - Povoado Sto Antonio (Cobra)
Março 2017
Aero Clube

Mais eventos

Jornal Expresso RN

Baixar edições anteriores

Curta Jean Souza no Facebook

Siga Jean Souza no Instagram

Empresas filiadas

Banners Parceiros

Design por: John Carlos
Programação por: Caio Vidal
© 2021 Direitos Reservados - Jean Souza