Potiguar é vacinado contra Covid-19 nos Estados Unidos: “Me sinto privilegiado”
Natural de Caicó e morando nos Estados Unidos há três anos, o médico potiguar Emídio Germano entrou para o seleto grupo de brasileiros que já foram vacinados contra a Covid-19 no mundo. Ele recebeu o imunizante da fabricante Moderna, administrado em duas doses, com intervalo de um mês: a primeira foi aplicada na última semana de 2020 e a segunda está prevista para o fim de janeiro de 2021.
O médico de 28 anos relata emoção e torce para que toda a população também seja contemplada em breve. “Me sinto privilegiado por ter tido a oportunidade de me vacinar. Como profissional da saúde, estou diariamente exposto a pacientes infectados e o fato de estar vacinado me dá uma sensação maior de tranquilidade. Apesar disso, sei que muitas pessoas, inclusive profissionais da saúde, vivem numa situação semelhante e não tiveram a oportunidade ainda, torço para que todos a recebam em breve”, conta.
Germano vive em Cleveland, cidade localizada no estado de Ohio que acumula 690 mil casos confirmados e 8,8 mil mortes causadas pela doença, segundo dados do Worldometer que monitora o comportamento da pandemia no mundo inteiro. Os EUA autorizaram o uso da vacina da farmacêutica Moderna em caráter emergencial no dia 20 de dezembro. Este é o segundo imunizante liberado para distribuição no país — o da Pfizer/BioNTech já havia sido aprovado no início de dezembro do ano passado.
A campanha de vacinação americana prioriza profissionais da saúde, idosos e pessoas com comorbidades. O caicoense conta que preencheu um formulário detalhando seu perfil clínico antes de receber a dose e afirma não ter sentido nenhum tipo de reação adversa. Segundo o potiguar, apesar da vacina, a orientação é manter o distanciamento social e o uso de máscara.
“Preenchi um questionário médico bem extenso, perguntando todas as medicações que eu tomava, todas as doenças que eu tinha e depois da administração da vacina eu fiquei em observação por 15 minutos sob a vigilância de profissionais da saúde para ver se eu tinha algum tipo de reação. A minha experiência com a vacina foi bem semelhante a outras vacinas que já tomei, como a da influenza. Não tive nenhum sintoma”, relata.
Em relação a segurança, o profissional da saúde explica que a busca acelerada não compromete a eficácia dos imunizantes contra a Covid-19 e critica movimentos de grupos radicais que tentam colocar em dúvida a segurança das vacinas com a disseminação de informações falsas.
“Embora a vacina tenha sido descoberta de forma muito rápida, ela tem se mostrado bastante eficaz e segura em diversos artigos científicos respeitados. Os grupos das principais empresas, como a Pfizer, Moderna e Johnson&Johnson também são de bastante respeito. A rapidez se explica pela própria pressão que estamos tendo porque ela é a melhor arma para conter o avanço da pandemia e também pelo apoio financeiro de diversos países do mundo para financiar pesquisas e os testes. Infelizmente a vacina virou uma arma política, mas a orientação, não só minha, é de que se você tiver acesso à vacina: tome”, esclarece.
De longe, Germano acrescenta que segue acompanhando o desenrolar da pandemia no Brasil e no Rio Grande do Norte. Ele lamenta ainda que a pauta da vacinação tenha sido atrelada ao que ele chama de ideologias políticas. “Eu me preocupo com o fato da Covid ter se tornado um assunto tão atrelado a ideologias políticas, sobretudo no Brasil. A Covid é um inimigo comum que o mundo inteiro está batalhando contra. Eu fico decepcionado em ver figuras públicas difundindo ideologias equivocadas e sem fundamentos científicos sobre a doença, inclusive sobre a vacinação”, diz.