Sérgio Machado afirma que Temer pediu R$ 1,5 milhão em doação ilegal

Temer negou nesta quarta-feira que tenha pedido a Machado propina.

Temer negou nesta quarta-feira que tenha pedido a Machado propina.

O ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado disse, em delação premiada, que recebeu pedido de propina do presidente interino Michel Temer para financiar a campanha de Gabriel Chalita à prefeitura de São Paulo em 2012. O valor acertado entre ambos foi de R$ 1,5 milhão. O pagamento teria saído dos cofres da Queiroz Galvão, uma das empreiteiras investigadas na Operação Lava-Jato. Temer negou nesta quarta-feira que tenha pedido a Machado propina para financiar a campanha de Chalita em 2012. Por meio de nota, o presidente disse que as declarações são “inverídicas”.

O depoimento revela “que Chalita não estava bem na campanha; que o depoente (Sérgio Machado) foi acionado pelo senador Valdir Raupp para obter propina na forma de doação oficial para Gabriel Chalita; que posteriormente conversou com Michel Temer, na Base Aérea de Brasília, provavelmente no mês de setembro de 2012, sobre o assunto, havendo Michel Temer pedido recursos para a campanha de Gabriel Chalita”.

Ainda segundo Machado, “o contexto da conversa deixava claro que o que Michel Temer estava ajustando com o depoente era que este solicitasse recursos ilícitos das empresas que tinham contratos com a Transpetro na forma de doação oficial para a campanha de CHALITA; QUE ambos acertaram o valor, que ficou em R$ 1,5 milhão”.

Em outro ponto da delação, Machado disse que Temer reassumiu a presidência do PMDB em 2014 para controlar a destinação de uma doação de R$ 40 milhões feita pelo PT. Os recursos seriam oriundos da JBS, controladora do frigorífico Friboi. Machado disse ter tomado conhecimento disso em reuniões na casa do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), mas não lembra quem disse isso.

Segundo Machado, “o apoio financeiro do PT foi um dos fatores que fizeram com que Michel Temer reassumisse a presidência do PMDB, visando controlar a destinação dos recursos do partido”. Em 2014, houve um batalha interna no partido para definir se haveria apoio à campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff. A ala que queria continuar com o PT venceu a disputa e Temer foi novamente candidato a vice na chapa.

REUNIÕES NA CASA DE RENAN

Machado contou inclusive que, numa das reuniões na casa de Renan, encontrou o diretor da JBS, Francisco de Assis e Silva. Segundo o ex-presidente da Transpetro, “nesta oportunidade, o diretor da JBS comentou comigo que vinha ajudando em diversas campanhas políticas” e que, “no que diz respeito ao PMDB, seriam contemplados por doações da JBS a diversos Senadores: Renan Calheiros, Jader Barbalho, Romero Jucá, Eunício Oliveira, Vital do Rêgo, Eduardo Braga, Edison Lobão, Valdir Raupp, Roberto Requião e outros”.

No pedido de homologação da delação encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, faz citações ao presidente interino Michel Temer. Primeiro, Janot diz que o presidente é uma das autoridades com foro privilegiado sobre as quais a delação traz detalhes. Depois, o procurador-geral relaciona os possíveis crimes existentes a partir da narrativa de Machado: organização criminosa, corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro, “com envolvimento do vice-presidente da República, de senadores e deputados federais”.

Além disso, o pedido encaminhado ao STF relaciona a ascensão de Temer ao exercício da Presidência da República ao suposto plano para obstruir as investigações da Lava-Jato. “Os efeitos desse estratagema estão programados para serem implementados com a assunção da Presidência da República pelo vice-presidente Michel Temer e deverão ser sentidos em breve, caso o Poder Judiciário não intervenha”, escreve Janot no documento enviado ao STF em 12 de maio.

Machado disse que repassou propina disfarçadas de doações eleitorais para o governador em exercício do Rio Francisco Dornelles, para o ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves (PMDB-RJ), para o senadores Agripino Maia (DEM-RN), Garibaldi Alves (PMDB-RN) e Valdir Raupp (PMDB-RO). Também repassou propina como se fosse doação eleitoral para os deputados Jandira Feghali (PCdo B-RJ), Luiz Sérgio (PT-RJ), Heráclito Fortes (PSB-SE), Walter Alves (PMDB-RN), Felipe Maia (DEM-RN), a ex-ministra Ideli Salvatti (PT-SC), o ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra (PE), já falecido, e o ex-deputado Edson Santos (PT-RJ).

CHALITA: “NUNCA PEDI RECURSOS A MACHADO”

Não consta na prestação de contas de Gabriel Chalita, registrada no Tribunal Superior Eleitoral, doações em nome da Queiroz Galvão. No entanto, o então candidato a prefeito de São Paulo declarou, em 2012, ter recebido outra doação no mesmo valor citado por Machado, de R$ 1,5 milhão, em nome do Diretório Nacional do PMDB.

Em nota, Chalita disse que não conhece Sérgio Machado nem pediu a ele recursos para campanha:

“Com relação ao uso indevido de meu nome na delação de Sérgio Machado, assunto já noticiado há algumas semanas, reitero o que disse naquela ocasião: Não conheço Sergio Machado. Portanto, nunca lhe pedi recursos ou qualquer outro tipo de auxílio à minha campanha. Esclareço, ainda, que todos os recursos recebidos na minha campanha foram legais, fiscalizados e aprovados pelo Tribunal Regional Eleitoral”, escreveu Chalita.

O Globo

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