Congresso inicia 2016 sob escombros de 2015

Termina nesta terça-feira o recesso parlamentar. Quem olhar para o Congresso verá o pretérito passando diante dos olhos. Deputados e senadores abrirão o ano legislativo de 2016 sob os escombros de 2015. Vivo, Cazuza definiria a agenda legislativa do ano como um museu de novidades: o impeachment, as contas de Dilma rejeitadas pelo TCU, a DRU, a CPMF… Tudo isso sob o comando dos suspeitos de sempre: Eduardo Cunha e Renan Calheiros —o primeiro mordendo Dilma Rousseff na Câmara. O segundo soprando a presidente no Senado.

O Congresso saiu em férias pouco depois de o petista Nelson Barbosa assumir o Ministério da Fazenda, com o compromisso de virar a página do ajuste fiscal que o governo não deixou Joaquim Levy executar. E volta à ativa uma semana depois de Dilma informar aos membros do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão, que a página do ajuste será virada para trás. Contra a recessão, ideias velhas como a oferta de R$ 83 bilhões em crédito subsidiado. Contra o rombo nas contas públicas, a recriação da CPMF.

Noutros tempos, os 45 dias de férias talvez dessem aos parlamentares uma perspectiva renovada do Brasil, pois enxergariam o antes e o depois sem a dispersão que os distrai nos plenários da Câmara e do Senado. Hoje, se um congressista pergunta aos colegas o que estão achando do Brasil na volta ao trabalho, arrisca-se a ouvir uma mesma resposta: como piorou, né?

Como manda a Constituição, Dilma enviará ao Congresso uma mensagem para ser lida na primeira sessão do ano. Nela, a presidente prestará contas do que imagina já ter realizado e informará o que ainda se julga capaz de fazer. Em fevereiro de 2015, a mensagem de Dilma partia de premissas frágeis, para chegar a conclusões equivocadas. A credibilidade da peça pode ser medida em dois trechos.

Num trecho, a presidente prometia ajustar a economia sem “recessão e retrocesso.” Noutro, sustentava que seu governo tem “combatido sem trégua a corrupção.” Em 2016, o Brasil caminha para o terceiro ano de recessão. E a Lava Jato já se acerca até de Lula. A despeito disso, Dilma manterá o timbre otimista na nova mensagem ao Legislativo. Anotará que o país sairá da crise mais forte e competitivo. Para facilitar, pede a abertura de um diálogo inspirado no lema dos mosqueteiros: um por todos, todos por hummmm…

Prevalecendo o modelo preconizado por Dilma, o sistema econômico vigente no Brasil não será nem o capitalismo nem o socialismo, será o crédito consignado. Os brasileiros se dividirão em credores (poucos) e devedores (todo o resto). O crédito (empresarial e pessoal) será a nova religião. O diabo é que, já mergulhados em dívidas, os devotos talvez prefiram se abster.

Com a inflação a pino, Dilma atravessa seu sexto ano no poder. Há cinco anos, ela achou que era hora de enfrentar o tigre. Por algum tempo, acreditou poderia continuar correndo na frente do tigre. O tigre pegou o Brasil. Agora, Dilma tenta o milagre de convencer o Congresso e o país que foi melhor assim, que o tigre não é tão ruim quanto parece e, pensando bem, é bom ser devorado pelo tigre. Desde que o Congresso colabore e o brasileiro se finja de bobo. Pelo bem do Brasil.

 

Josias de Souza

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