AMEAÇAS: ‘A gente só sai daqui quando derramar a última gota de sangue’, diz preso em Alcaçuz

Presos seguram objetos pontiagudos em cima dos pavilhões de Alcaçuz.

Presos da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, na Região Metropolitana de Natal, ameaçam promover uma nova matança caso o governo estadual não transfira detentos ligados a uma facção rival para outra unidade prisional. É o que avisa um preso que conversou por telefone com a reportagem do GLOBO por volta das 18h30m de ontem terça-feira (17).

“Nós não quer o PCC aqui não, nós quer que tire eles. E eles (governo) tinham até hoje para tirar eles (preso). Não tirou. Com quatro dias que não tiraram, hoje, nós vamos matar tudinho — diz o preso, que se intitula membro do Comando Vermelho e aliado do Sindicato do RN. — Nós quer que tire eles. Bote eles pra Caraúba, Mossoró, bote pros infernos da terra, mas não deixe perto de nós. Porque Alcaçuz é só nossa. Tá entendendo? É só nós. Aqui a gente só sai quando derramar a última gota de sangue”, prometeu.

Segundo o preso, a situação em Alcaçuz é crítica. Ele diz que há detentos com ferimentos à bala e cortes. Ele não descarta que outros presos tenham sido mortos além dos 26 contabilizados pelo governo.

O GLOBO conversou com o preso por cerca de três minutos por intermédio de sua mulher, de 19 anos, que não quis se identificar e mantém conversas regulares com o marido por telefone. Ontem, de um morro próximo ao presídio, ela acenava para o marido enquanto acompanhava a movimentação dos detentos.

“Olha lá, é aquele com uma bandeira azul perto do pavilhão cinco. Ele está vivo, você está vendo?”, disse a jovem.

Nesta terça-feira, ao longo do dia, foi possível ver a divisão dos presos em grupos rivais no pátio da penitenciária. Separados por barricadas, os bandos se ameaçavam munidos de paus e objetos pontiagudos. Sons de tiros e bombas foram ouvidos de fora da penitenciária. No início da tarde, a tentativa de invasão do Pavilhão 5 provocou um corre-corre na área interna da unidade, quando policiais militares, localizados em uma guarita, atiraram para conter os presos do Pavilhão 1. Houve mais quatro tentativas de ataque durante a tarde.

Pela manhã, em Brasília, o governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria (PSD), disse que o presídio estava sob controle. Pouco antes, os presos haviam voltado a ocupar os telhados da unidade. Segundo Faria, a tentativa de retomar o controle da penitenciária poderia provocar um novo massacre em Alcaçuz:

“Se a polícia entrar dentro do presídio, pode haver novas mortes, confrontos policiais, aí vai ser um novo Carandiru. Temos que evitar isso. Vamos entrar em casos de extrema necessidade”, declarou.

Segundo o governador, a morte dos presos em Alcaçuz foi uma vingança promovida pela facção paulista pelo massacre no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus, no primeiro dia do ano.

Por Aura Mazda / Agência O Globo

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