Delatores acusam governadores de cobrar propina em obras de estádio

Os ex-governadores Sérgio Cabral (PMDB), do Rio, e Eduardo Braga (PMDB) e Omar Aziz (PSD), do Amazonas foram acusados por dois ex-executivos da empreiteira Andrade Gutierrez de cobrar propina em grandes obras investigadas pela Lava Jato.

Cabral foi acusado de cobrar 5% em um pacote inclui a reforma do Maracanã, a terraplenagem da área do Comperj (Complexo Petroquímico do Estado do Rio), a construção do Arco Metropolitano e a urbanização de favelas em Manguinhos, na zona norte do Rio.

Já Braga e Aziz, hoje senadores, são acusados de receber propina durante a construção da Arena Amazonas. As informações são de reportagens da TV Globo de sexta (13) e sábado (14).

As acusações foram feitas por Rogério de Sá e Clóvis Primo em acordos de delação premiada com a Lava Jato. Sá acrescentou que Cabral receberia mesada de R$ 350 mil como “adiantamento” de obras futuras.

De acordo com a reportagem, os ex-executivos afirmaram em seus depoimentos que a reforma do Maracanã para a Copa do Mundo rendeu ao ex-governador do Rio R$ 300 mil por mês entre 2010 e 2011.

A dupla contou ainda que Cabral pediu à empreiteira o pagamento de uma mesada de R$ 350 mil. O período dos depósitos não foi definido. De acordo com os depoimentos, o ex-governador chamava a propina de “adiantamentos”.

Os delatores disseram que a propina foi negociada no Palácio Laranjeiras, residência oficial do governador do Rio. Segundo eles, Cabral pediu 5% por cada obra realizada no Estado do Rio.

Além do ex-governador, as delações citam Wilson Carlos, ex-secretário de Governo; Fernando Cavendish, dono da empreiteira Delta; e Carlos Miranda, citado como operador de Cabral nas obras do Maracanã.

De acordo com os ex-executivos, Cabral teria recebido R$ 60 milhões de propina na reforma do estádio que recebeu a final da Copa. O consórcio da obra teria sido definido em 2009, antes mesmo da licitação. O custo foi de R$ 1,2 bilhão.

O ex-governador também foi acusado de pedir dinheiro em obras sem participação direta do Estado. Segundo Rogério de Sá, ele pediu 1% pelas obras de terraplanagem do Comperj, em Itaboraí, na região metropolitana do Rio.

No caso dos ex-governadores do Amazonas, o objetivo da construtora seria obter informações privilegiadas para vencer a concorrência da obra. Segundo eles, o pagamento de propina era rotina.

Ainda segundo a reportagem, os ex-executivos disseram que a Andrade Gutierrez ajudou inclusive na elaboração do edital da Arena Amazonas para que fosse mais fácil vencer a licitação.

As propinas, disseram, chegavam a 10% sobre cada obra e que Braga recebeu de R$ 20 milhões a R$ 30 milhões da empreiteira. A propina a Aziz teria sido reduzida a 5% após negociações. Na delação, um dos executivos diz que a Andrade pagou R$ 18 milhões ao hoje senador do PSD.

Na delação os ex-executivos também citaram os ex-governadores de Brasília Agnelo Queiroz (PT) e José Roberto Arruda, segundo a emissora. A empreiteira foi responsável pela obra do estádio Mané Garrincha. Os advogados de Arruda e Agnelo também negaram repasse ou pagamento de propinas.

OUTRO LADO

Em nota, Sérgio Cabral disse que “jamais interferiu em quaisquer processos licitatórios de quaisquer obras em seu governo nem tampouco solicitou benefício financeiro próprio ou para a campanha eleitoral”.

“No que diz respeito à delação do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa a propósito de um suposto envolvimento do ex-governador nas obras do Comperj, a Polícia Federal, após minuciosa apuração, opinou pelo arquivamento do inquérito pela ausência de veracidade e fundamento”, afirmou o ex-governador.

Wilson Carlos e Fernando Cavendish não foram encontrados. À revista “Época”, Cavendish negou que a Delta tenha entrado no consórcio para obras do Maracanã por influência política. Já Wilson Carlos disse que “nunca teve conhecimento de tais acusações” e “nega com veemência as acusações improcedentes”.

Cabral divulgou nota em que nega as acusações e “manifesta a sua indignação e o seu repúdio às declarações dos delatores”. Ele já é alvo de um inquérito da Lava Jato que corre no Superior Tribunal de Justiça.

À TV, Braga classificou como “absurda” a denúncia e se disse indignado. Aziz disse que é alvo de retaliação da empresa por não aceitar aditivos durante a construção da Arena Amazônia.

A Andrade Gutierrez não comentou.

Folha de S.Paulo

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