Comerciantes admitem deficiência em falar inglês

Um turista adentra uma loja de bagagens de um shopping de Natal e pede, em inglês, para comprar uma mala com expansor. Depois de muito esforço e mímica de ambas as partes, a vendedora Cláudia Regina dos Santos compreende o desejo do cliente e aponta para a calculadora para informar o preço. Na hora de passar o cartão, algo sai errado e a compra não é efetivada. Após nova rodada de mímicas, o turista se faz entender: o limite do cartão havia sido ultrapassado e ele queria reservar o produto para comprar no dia seguinte.

Situações como essa são mais comuns do que se imagina. Mesmo em Natal, que é uma cidade turística e está entre as sedes da Copa do Mundo de 2014, grande parte dos trabalhadores do comércio ainda não detém conhecimentos básicos de qualquer língua estrangeira que seja.
 

 

 

De acordo com uma pesquisa feita pelo escola de idiomas Watford, apenas um quarto dos vendedores e gerentes das lojas de shopping da cidade conseguem se comunicar em inglês com o turista estrangeiro, ou seja, 25%. A pesquisa ouviu 100 pessoas entre vendedores, operadores de caixa e gerentes de lojas na última semana de novembro. O resultado é o apelo para mímicas, como atestou a pesquisa: 24% dos entrevistados afirmaram que apelam para os gestos na hora de fechar uma venda como um falante de língua estrangeira. Além disso, a calculadora serve de suporte para lidar com preços e descontos. Tudo para não perder a venda. “Acho muito importante ter um curso, mas infelizmente não tive condições de fazer porque não tenho como arcar com o custo. Cursos de línguas são caros”, argumentou a vendedora Cláudia Regina dos Santos.

Laíze Gomes da Fé também trabalha na loja de bagagens. Ela  estava presente no dia da venda para o turista e, assim como as demais colegas, acabou se envolvendo para tentar ajudar Cláudia Regina. Só que ela também não fala inglês e, para compreender a questão do limite do cartão, acabou demorando bastante. “Já pensei em estudar, mas é caro. Aí o jeito é trabalhar com a mímica, mostrando o produto e apontando para os detalhes. Os preços a gente vai informando com a calculadora”, explicou.

Outro dado obtido na pesquisa mostrou que, entre aqueles que conseguem se comunicar em inglês, 90% tem no máximo o nível intermediário. Dois terços dos entrevistados têm apenas o inglês que recebeu nos ensino fundamental e médio.

A gerente da loja de bagagens, Milena Flor, é a única funcionária que sabe falar alguma coisa em inglês. Ela começou um curso em 2009, mas teve que interromper quando estava no nível pré-intermediário. “Não consigo manter uma conversação perfeita, mas já garanto a venda”, explicou. Ela  acrescentou que as vendedoras da loja deverão iniciar um curso básico de inglês a partir de fevereiro. Para o professor Fábio Marques, que  coordenou a pesquisa, os números chamam a atenção. “O conhecimento da língua é importante para aqueles que lidam diretamente com o turista estrangeiro, especialmente porque melhora a qualidade no atendimento, ampliando a possibilidade de maiores vendas”, destacou.

Nesse contexto, quem fala inglês acaba se destacando. É o caso da vendedora Élita Juciele Bezerra, que trabalho numa loja de roupas do centro da cidade. Atenta a essa demanda, ela já estuda o idioma há quatro anos e pretende se manter em aulas de conversação mesmo após concluir os módulos regulares do curso.

“No início, eu ficava muito tímida para falar. Aos poucos fui perdendo essa timidez e hoje a conversação já flui. Agora, quando um turista estrangeiro entra na loja, as outras vendedoras me chamam logo. Vejo que os clientes se sentem bem quando são atendidos na língua deles”, disse Élita. Contente com a evolução na língua, ela já fala até em sair do país e conhecer o mundo. “Não quero parar”, afirmou.

Postado por: Eduardo Bezerra

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