Abdelmassih é indiciado por mais 37 estupros e manipulação genética

O ex-médico Roger Abdelmassih (centro), de 70 anos, foi preso em 2014 (Foto: William Volcov/Brazil Photo Press/Estadão Conteúdo)

O ex-médico Roger Abdelmassih (centro), de 70 anos, foi preso em 2014 (Foto: William Volcov/Brazil Photo Press/Estadão Conteúdo)

A Polícia Civil de São Paulo indiciou Roger Abdelmassih, de 72 anos, pela suspeita de ter cometido mais crimes de estupro e de manipulação genética irregular contra outras 37 pacientes, entre 1990 a 2008.

Atualmente o ex-médico está detido em Tremembé, interior do estado, por ter sido condenado a pena de 181 anos de prisão por ataques sexuais (estupros, atentado violento ao pudor e atos libidinosos) a também 37 clientes, entre 1995 e 2008.

Para a polícia, somando as vítimas da condenação e as que estão investigadas, Abdelmassih cometeu crimes sexuais e de manipulação genética contra 74 mulheres.

O G1 apurou que no relatório final da 1ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) consta ainda o pedido prisão preventiva do ex-geneticista à Justiça “para garantia da ordem pública” – o que significa, se a solicitação for aceita, que ele ficará preso até um eventual julgamento. O inquérito foi concluído em 31 de março para ser encaminhado ao Poder Judiciário

O advogado de Abdelmassih disse que não vai comentar o mais recente indiciamento de seu cliente. Ao ser interrogado por carta precatória, em 29 de fevereiro, o médico não respondeu nenhuma das perguntas feitas dentro da penitenciária, se reservando ao direito de permanecer calado e só falar em juízo.

O G1 também procurou a assessoria de imprensa do Ministério Público (MP) para saber se alguma Promotoria ofereceu denúncia contra o ex-médico, mas não obteve retorno. De acordo com o Tribunal de Justiça, “não há informações que possam ser passadas, devido ao Segredo de Justiça.”

As novas denúncias

Nesse inquérito, que começou a ser produzido em 2009, as mulheres acusam Abdelmassih de abuso sexual e irregularidades médicas. Veja abaixo trechos dos depoimentos das vítimas à polícia. Elas narram o que teriam sofrido em duas clínicas de reprodução humana assistida que o então famoso geneticista comandava em bairros nobres da capital paulista.

Todas as pacientes tinham procurado Abdelmassih querendo se submeter a tratamento de fertilização “in vitro” para engravidar. Nos depoimentos, ao menos 30 das pacientes afirmam ter sido beijadas e acariciadas à força.

Entre elas, uma contou que o então médico a obrigou a fazer sexo, quando estava voltando da anestesia. Outra acha que sofreu sexo anal enquanto dormia na mesa ginecológica. Todos esses relatos configuram, pela lei atual, que elas foram vítimas de estupro.

Mais três clientes denunciaram a manipulação genética, além do estupro. E outras quatro contaram ter sido vítimas somente de irregularidades cometidas por Abdelmassih ao manipular geneticamente óvulos e espermatozoides. Há casos de mães que perderam os filhos ou de crianças que nasceram com deficiências.

A maioria das mulheres também relata a insistência do médico em beijá-las durante as consultas e tocar o corpo delas enquanto estavam anestesiadas. “Roger aproveitava as brechas para passar a mãos em suas pernas e seios”, afirmou uma.

G1

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