Prévia da inflação oficial tem maior alta desde 1996 no Brasil
A inflação deste mês deverá seguir elevada, mudando o padrão para junho e julho, que normalmente são marcados por preços mais comportados. Ontem, o IBGE informou que o IPCA-15, prévia do índice oficial de inflação, avançou 0,99% em junho, a maior alta para o mês desde 1996.
No ano, o IPCA-15 já acumula alta de 6,28%, taxa muito próxima do teto da meta para o IPCA cheio, de 6,5%, considerando a margem de tolerância.
A alta surpreendeu o mercado. Analistas projetavam uma alta entre 0,71% e 0,90%, segundo a Agência Estado. Após a divulgação do dado, as projeções para o IPCA de junho foram revistas para de 0,60% a 1,03%.
Alimentos
O IPCA-15 mede a variação de preços no varejo de meados de maio a meados de junho. Assim como em maio, os preços de alimentos seguiram assustando os consumidores. O grupo acelerou para 1,21%, de 1,05% em maio, respondendo por 0,30 ponto porcentual da alta de 0,99% no índice total.
Só a cebola ficou 40,29% mais cara, enquanto o tomate subiu 13%. Também puxaram a alta de alimentos cenoura (5,59%), batata-inglesa (4,42%), carnes (1,63%), leite longa vida (1,24%), lanche (1,07%) e o pão francês (0,98%).
Para o economista-chefe do banco ABC Brasil, Luis Otávio de Souza Leal, o fato de os preços de alimentos estarem altos sugere que poderão registrar um recuo, mas não o suficiente para aliviar a inflação.
“O IPCA-15 de junho reforça a probabilidade de o Banco Central elevar os juros em 0,50 ponto porcentual na sua próxima reunião, no fim de julho”, disse.
A inflação ganhou força em seis dos nove grupos pesquisados. Os protagonistas, além dos alimentos, foram Despesas Pessoais (0,18% para 1,79%), por causa do aumento nos preços das loterias da Caixa, Habitação (0,85% para 1,03%), por causa de aumentos nas taxas de água e esgoto e energia; e Transportes (-0,45% para 0,85%), em função da alta nas passagens aéreas.