Dólar sobe 0,88% e volta para R$ 3,80 com prisão de Michel Temer

A prisão do ex-presidente Michel Temer provocou nervosismo no mercado de câmbio nesta quinta-feira, 21, e o real foi a moeda que mais perdeu valor neste dia ante o dólar, em meio ao movimento de busca por proteção na moeda americana. A divisa dos Estados Unidos se fortaleceu na economia mundial, mas foram fatores domésticos que acabaram tendo maior peso, com os investidores procurando os impactos da prisão no avanço da agenda de reformas de Jair Bolsonaro. O dólar à vista fechou em alta de 0,88%, a R$ 3,8009.

Pouco antes da notícia da prisão de Temer, o anúncio de que o Tesouro Nacional estava emitindo recursos no mercado de bônus internacional – a captação foi de US$ 1,5 bilhão, segundo fontes – fez até o dólar recuar pontualmente, registrando a mínima do dia (R$ 3,7638). Mas logo em seguida, após a informação da prisão chegar às mesas de operação, a moeda americana renovou sucessivas máximas e bateu em R$ 3,83. Ao longo da tarde, a alta do dólar perdeu um pouco de força. Um fator que ajudou foi uma declaração do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmando “não ver consequência para reforma da Previdência com a prisão” de Temer.

Em meio às dúvidas sobre os rumos das reformas, ao menos no curto prazo, o que se viu em todo o dia de hoje foi um movimento de fuga do risco da bolsa e busca de proteção no dólar, tanto com compras no mercado à vista como com o reforço de posições defensivas no mercado futuro, destaca o diretor de tesouraria de um banco. Por isso, o volume de negócios foi robusto no mercado futuro, com giro de US$ 26,6 bilhões, acima da média de US$ 16 bilhões dos últimos dias. O dólar para abril fechou em alta de 0,45%, a R$ 3,7935.

Na avaliação do sócio e gestor da Absolute Invest, Roberto Serra, a prisão de Temer preocupa porque vem no momento em que a articulação política de Bolsonaro para a tramitação da Previdência já vinha deixando a desejar. “Se essa articulação tivesse fluindo melhor, talvez o impacto fosse menor”, disse ele. Para Serra, apesar do estresse, os eventos não justificam uma atuação do Banco Central, como ocorreu em maio de 2017, quando saiu a delação do empresário Joesley Batista e Temer era o presidente da República.

Apesar de não estar mais no governo, como estava na época da delação, o economista para América Latina da consultoria norte-americana Continuum Economics, Pedro Tuesta, ressalta que Temer ainda tem aliados no Congresso, o que pode afetar a tramitação das reformas. Outro ponto de preocupação é o fato de o ex-ministro Moreira Franco, também preso nesta quinta, ser casado com a sogra de Rodrigo Maia.

Estadão Conteúdo

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